O governo liderado por Javier Milei divulgou um novo protocolo destinado a lidar com as demonstrações de rua, no qual as Forças Armadas desempenharão um papel significativo contra aqueles que bloquearem vias durante protestos em meio as Tensões Sociais na Argentina. O anúncio foi realizado pela ministra da Segurança, Patricia Bullrich, na quinta-feira, 14.
“Este não é um tema de ideologias, mas sim de compreender que é imperativo para o país viver em um estado de paz e ordem. Estamos trabalhando para organizar a nação, proporcionando um ambiente onde as pessoas possam viver em tranquilidade. As vias públicas não devem ser ocupadas”, expressou ela em uma coletiva de imprensa.
Essas declarações surgem em meio ao lançamento de um conjunto robusto de medidas econômicas, visando conter a inflação que atingiu 161% ao ano em novembro. Além disso, há a expectativa de uma significativa manifestação programada para a próxima quarta-feira, 20, com a participação de sindicatos e organizações sociais.
Bullrich também destacou a criação de um registro para organizações sociais, como sindicatos e associações, que “incitem” protestos. Ela afirmou que o custo pelo uso das forças de segurança não será suportado pelo Estado, sendo repassado para as organizações ou indivíduos envolvidos nos protestos que, alegadamente, bloqueiem ruas. No entanto, os detalhes sobre como essa cobrança seria efetuada não foram esclarecidos.
No que diz respeito a crianças e adolescentes, as autoridades de proteção serão notificadas, e os pais serão responsabilizados por levar seus filhos a protestos durante o horário escolar. “Não permitiremos que sejam utilizados como escudos”, assegurou Bullrich.
Na Argentina existe um histórico rico em conflitos sociais ao longo de sua história. Aqui estão alguns exemplos significativos:
- Os Piqueteros nos Anos 2000:
- Durante a crise econômica de 2001 na Argentina, surgiram os “piqueteros”, grupos de desempregados que organizaram bloqueios de estradas para protestar contra as políticas econômicas. Esses protestos foram marcados por confrontos com as forças de segurança.
- Guerra Suja (Década de 1970):
- Durante a década de 1970, na Argentina enfrentou-se um período de violência política conhecido como a “Guerra Suja”. O governo militar, que estava no poder, reprimiu brutalmente a oposição política, resultando em prisões arbitrárias, torturas e desaparecimentos de milhares de pessoas.
- Repressão em Plaza de Mayo (1977):
- Em 1977, mães que buscavam informações sobre seus filhos desaparecidos se reuniram na Plaza de Mayo, em Buenos Aires, para protestar pacificamente contra a repressão do governo militar. Esse movimento, conhecido como “Madres de Plaza de Mayo”, enfrentou repressão e violência, mas persistiu como um símbolo de resistência.
- Revolta Popular de 2001:
- A crise econômica de 2001 também resultou em uma revolta popular generalizada. Milhares de argentinos saíram às ruas para protestar contra a corrupção, o desemprego e as políticas econômicas. O governo de Fernando de la Rúa renunciou durante esse período de agitação social.
- Conflitos Agrários em 2008:
- Em 2008, o setor agrícola argentino protestou contra um aumento nos impostos sobre as exportações de produtos agrícolas. Isso levou a bloqueios de estradas e confrontos entre agricultores e forças de segurança. O conflito destacou as tensões entre o governo e o setor agrícola.
- Protestos Estudantis de 2018:
- Em 2018, estudantes argentinos protestaram contra cortes no financiamento educacional. Os protestos incluíram ocupações de escolas e universidades, bem como marchas em várias cidades do país.
Esses exemplos ilustram a diversidade de conflitos sociais na Argentina, abrangendo períodos de instabilidade econômica, repressão política, resistência popular e tensões setoriais. Esses eventos moldaram a paisagem política e social do país, influenciando as políticas adotadas pelos governos ao longo do tempo.
Os Desafios na Contenção da Inflação econômica na Argentina
Na Argentina enfrentam-se consideráveis desafios na contenção da inflação, um problema econômico persistente que impacta adversamente a estabilidade financeira do país.
Com uma taxa de inflação atingindo 161% ao ano em novembro, o governo se vê pressionado a adotar medidas eficazes para conter essa escalada de preços. A história econômica recente do país inclui episódios de instabilidade financeira, crises de dívida e flutuações cambiais, fatores que contribuem para a complexidade do desafio.
A implementação de medidas robustas, como o controle de gastos públicos, políticas monetárias mais restritivas e reformas estruturais, é crucial para reverter a tendência inflacionária. No entanto, essas medidas muitas vezes enfrentam resistência política e social, ampliando a dificuldade de alcançar consenso em um ambiente econômico volátil.
Além disso, a falta de confiança dos investidores e a incerteza política podem complicar ainda mais os esforços para estabilizar a economia argentina e restaurar a confiança no sistema financeiro.
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