Uma situação de confronto entre as forças policiais e indivíduos armados, que se esconderam em um mosteiro, resultou na transformação de uma pacata vila no norte de Kosovo em uma área de conflito, de acordo com relatos de moradores e autoridades policiais divulgados hoje. Este é o primeiro relato local dos combates desde que ocorreram.
As autoridades em Kosovo permitiram a entrada de jornalistas na vila de Banjska pela primeira vez após os eventos do último domingo, que marcaram a mais intensa onda de violência na região em anos. O norte de Kosovo tem sido uma área de tensões, onde a população sérvia local rejeita o governo de Kosovo, dominado por albaneses étnicos.
O comandante da polícia na região norte de Kosovo, Veton Elshani, compartilhou: “O local onde meu colega policial foi trágicamente morto fica na estrada principal que vocês utilizaram para chegar aqui. Fomos alvejados e bombardeados com morteiros nesta área que vocês estão vendo agora. A investigação continua e estamos empenhados em descobrir por que esse local foi escolhido dessa maneira e qual era o objetivo dos indivíduos armados envolvidos”.
As autoridades de Kosovo relatam que dezenas de homens armados invadiram um mosteiro ortodoxo sérvio no domingo, antes de serem expulsos em um confronto que resultou na morte de três combatentes e um policial.
Radoslav Markovic, um morador de Banjska de cabelos grisalhos, descreveu a situação dizendo que, durante os combates, os moradores a encararam “como se fosse um estado de guerra”.
Até o momento, três indivíduos foram acusados de participação no ataque, embora nenhum grupo tenha reivindicado a responsabilidade ou explicado os motivos por trás do incidente.
O Kosovo declarou sua independência da Sérvia em 2008 após uma revolta de guerrilheiros e uma intervenção liderada pela OTAN em 1999. O Kosovo acusa a Sérvia de fornecer apoio e armas aos combatentes sérvios. Por outro lado, a Sérvia, que não reconheceu a independência de sua antiga província, acusa o Kosovo de provocar violência ao maltratar os habitantes de etnia sérvia. Ambos os países, bem como o principal grupo político sérvio em Kosovo, declararam luto público pelas vítimas sérvias do confronto.
Durante uma reunião do gabinete em Pristina, o primeiro-ministro de Kosovo, Albin Kurti, informou que as autoridades policiais encontraram armas avaliadas em 5 milhões de euros, o que seria suficiente para equipar centenas de combatentes.